Mulher, um assunto com altos e baixos.

Fátima Torri, editora e idealizadora da Fala Feminina.

Mulher é um assunto com altos e baixos. Céu e inferno convivem, mas nem sempre com empatia. Somos capazes de odiar. E podemos odiar com amor. E amar é verbo que dobra a esquina e pode encontrar a mais profunda raiva. Um bicho que sente dor e levanta para alimentar outros bichos é o que? Uma mulher. Uma terrível e maravilhosa mulher.

Mulher não precisa de poder. Isso é coisa de homem. Que acha o máximo ter um falo. Mas ainda não basta. É preciso subjugar, pisar no pescoço, bater, dizer que está no topo, apontar arma. E cadê o falo seu moço? Não era essa a tua arma? Que machismo é esse?

Quando falo de machismo, não falo de representantes do sexo masculino, não. Falo de um sistema tão enraizado que não tem gênero. Mulheres podem ser terrivelmente machistas. Cruéis com outras mulheres, com os filhos, com os homens. E temos homens que são equilibrados. Que amam as mulheres, as desejam. Mas, não precisam domar, dominar. A não ser com consentimento. Homens assim tiveram uma mãe que soube olhar para dentro de si e buscar a humanidade necessária para entender até o que a oprimiu. E sacar a arma da coragem de amar para dar ao filho homem a possibilidade de sentir as mulheres na suas complexidades. Esse sobe e desce. Essa inconstância tão definidora. Pode parecer doidice. Não é. É humanidade eriçando pêlos, saindo pelos poros e veias latejantes. Tudo isso aqui escrito para dizer que a Fala Feminina não fala de mulheres. Fala de um novo jeito de olhar o mundo. O partido da Fala é o Humanismo de Ghandi, Mandela, Martin Luther King, Madre Tereza. No Brasil, Rose Marie Muraro, Maria da Penha, Leila Diniz, Pagu.

O movimento da Fala é de propor às mulheres serem ouvidos umas pelas outras. No processo da Fala e da Escuta poderemos ter a conscientização. Promover escolhas que são só suas. Somos apenas uma ponte, um elo que pode juntar todas, todos, todes.

Temos muitas histórias pra contar. Certamente, vamos nos reconhecer nessas histórias!

Quem faz a Fala

Fátima Torri

Olhar para os lados e acabar tropeçando na pedra no caminho é  mais ou menos o meu jeito. Mas, não me define. Gosto de fazer. Tanto gosto que a exaustão chega e eu nem notei. Mas, também não diz quase nada. Fio desencapado, água viva, porco espinho, suricata dizem coisas sobre mim. Impaciência, diz muito. Vontade de comer um supermercado e beber uma vinícola, sim, como definição diz quase tudo. Inquieta que gosta de ficar só e em silêncio. Nenhuma saudade de muitos passados. E inventei a frase “a infância é uma doença incurável“. Deixa marca eternas.  Agora, supostamente adulta, penso que viver é uma fímbria que precisa ser tocada a todo momento. E que a vida é um palanque em banhado. Nenhuma segurança. É por isso que eu amo viver.

De onde vem a Fala Feminina? 

A Fala Feminina surge da inquietação de Fátima Torri desde criança ao observar as diferenças entre os mundos masculino e feminino. Inquietação que seguiu em todas as fases de sua vida, que segue até hoje. Por que as mulheres andam sempre de cabeça baixa? Seja pra cozinhar, pra varrer, pra lavar louça, pra amamentar. Seria permitido a elas olhar o mundo de frente? Por que se colocam apenas em lugares de submissão, subalternos?

Deslocada, inadequada, fora do padrão, como se não fosse desse mundo. Assim Fátima sempre se viu. E, com o tempo, percebeu que muitas outras mulheres se sentiam da mesma forma, mas exercitavam estar dentro desse lugar que não era delas, em um pseudo conforto.

Com o acúmulo de questionamentos guardados ao longo da vida, Fátima resolveu dar voz às mulheres que, assim como ela, se sentem inadequadas no mundo. Que querem perguntar, debater, revolucionar. As estrangeiras do status quo.

Com vocês, todo poder de múltiplas e plurais Falas Femininas!

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