Carta da Editora, Coluna, Fala Feminina, Vida

Para todas as mulheres (as que sabem que me constituem)

Coloca tapete vermelho por onde passares.
Saboreia tua caminhada até agora,
larga os pesos no caminho
e deixa teu corpo solto no vento.

Oferece balões coloridos às mulheres que choram.
Imita uma criança brincando de roda, fecha os olhos
e te deleita na tontura do giro.
Até cair, e rir, e rir e rir.

Dores? Sim, temos, principalmente as que vêm do ventre.
Busca o cheiro de bolo da avó. Mesmo que não tenhas tido uma avó.

Vasculha flores no teu coração e dança na cozinha.
Desliza no teu agora
e volta no tempo e amansa a tua dor.
Pega a guria que tu já foi, e rola no teu sonho.
Já sabes dançar teu canto. Estão afinados voz e passos.

Tu és tua mãe, teus irmãos e o pai, violeiro de saudades que nunca soubemos quais eram.

Somos todas as mulheres que misturaram a água, o milho e o sal e cortaram a polenta com linha de retrós.
Antes de nós, elas!

Depois, seremos apenas fantasias de quem veio saborear o que somos.
22, vem! Vou te dançar, cantar, deslizar nos teus dias.

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