Jovem do RS se destaca como produtora de cinema nos EUA e mostra a força das mulheres por trás das telonas
“Eu amo tanto cinema que não queria me contentar apenas com uma parte no fazer um filme. Eu queria abraçar tudo ao mesmo tempo.”
A produtora e roteirista de cinema Laura Medeiros, 25 anos, não era nem nascida quando a combinação de Stephen King, Stanley Kubrick e o talento de Jack Nicholson colocaram O Iluminado na lista de filmes imperdíveis de suspense. Era o começo dos anos 1980. A obra se tornaria um clássico da sétima arte. Anos mais tarde, seria esse filme um divisor de águas para Laura.
Corta para a infância
Desde pequena, Laura demonstrava interesse pela arte do cinema. Primeiro, como espectadora voraz, assistindo a tudo que passava nas telonas e na televisão. Depois, deixando a imaginação levá-la para um mundo especial, em que reproduzia cenas de desenhos e filmes em frente ao espelho ou tendo os colegas como plateia. Das habilidades de que lembra ter sentido mais orgulho foi a capacidade de colocar a fita VHS no videocassete sem a ajuda dos pais.
– Isso significava que eu poderia ver o que eu quisesse sem depender de ninguém. Acho que esse foi o primeiro sinal de que eu estava me tornando uma pessoa independente – conta.
Foi mergulhando nesse universo que topou com O Iluminado. O filme de Kubrick com a interpretação antológica de Jack Nicholson despertou o interesse profissional de Laura pelo cinema, porque a partir da observação desse longa-metragem, ela percebeu que cinema não era algo que envolvia somente a atuação de atores para se contar uma história, mas um trabalho complexo de câmeras, luzes e ação, com produção e direção. Foi a descoberta da arte do cinema.
Corta para os dias atuais
O encantamento da infância virou uma paixão profissional. Há dois anos, Laura foi morar em Los Angeles, nos Estados Unidos, para trabalhar como produtora independente. A escolha pela produção tem suas razões. Laura gosta de compreender e participar de todo o processo de criação de um filme. Ela chegou a flertar com a carreira de diretora de cinema, participando de workshops e fazendo pesquisas, mas esse papel não contemplava todas as suas expectativas.
– Descobri que são os produtores que estão envolvidos em todo o escopo do que se deve saber para fazer um filme. Seja desenvolvendo, pré-produção, produção ou pós-produção. E eu amo tanto cinema que não queria me contentar apenas com uma parte no fazer um filme. Eu queria abraçar tudo ao mesmo tempo – diz Laura.
Corta para a infância
O entendimento do cinema como uma arte diversa e cheia de nuances têm um pouco do roteiro familiar em que a produtora cresceu. Os pais permitiram acesso a vários clássicos da sétima arte, de James Bond a Hitchcock, sem censura de gêneros. Essa facilidade de acesso às produções, avalia Laura, foi fundamental para que ela construísse uma perspectiva ampla do fazer cinema, e essa amplitude e diversidade ela tenta imprimir no trabalho que desenvolve.
Corta para os dias atuais
Os dias na produção cinematográfica são movimentados. Dificilmente, um produtor está dedicado a um único projeto. Esse dinamismo também faz parte da magia de se trabalhar na área. Laura tem se dedicado muito a curtas-metragens, alguns já em fase de pós-produção e sendo levados a festivais nos Estados Unidos. Ela também tem um curta para chamar de só seu, trabalho que pretende trazer ao Brasil ainda em 2024. Mas como diversificar é fundamental, ela também se permitiu atuar como produtora executiva de um longa-metragem, do qual também assinou a co-roteirização. O filme deve ser rodado em breve no México. Entre os longas, Laura também produziu A Prodigal Feast (Um Banquete Prodigal, em português), trabalho no gênero de terror que dividiu com brasileiros que vivem em Los Angeles está na fase de pós-produção.
– São muitos projetos e cada um está numa fase, mas todos têm a ambição de sair para o mundo em algum momento – diz.
Barbie e mulheres atrás das telas
Em 2023, o filme Barbie, de Greta Gerwig, tornou-se o sucesso estrondoso do cinema. Laura celebrou o filme não só pelo roteiro em si, mas pela capacidade que a obra pode ter de mobilizar futuras diretoras, produtoras roteiristas etc. Greta ainda é uma raridade diante do universo predominantemente masculino nas listas de diretores de cinema de sucesso:
– O caminho está sendo feito, e Barbie com certeza é uma das responsáveis por abrir a porta e incentivar e dar esperança para muitas jovens aspirantes e cineastas. Dá confiança de que um dia elas podem chegar nesse lugar.