Vida

Conquistada pela gélida e cordial Inglaterra

Catarina Hoch, 35 anos, metade brasileira e metade alemã, morou na Alemanha quando criança e há seis anos mora na Inglaterra. Ela topou a mudança para realizar o sonho do marido de viver fora, apesar de não ter tido essa ambição no passado. Aprendeu inglês por lá e hoje é vice-presidente de marketing de uma empresa de tecnologia, e já não tem mais planos de retorno para o Brasil. Catarina abriu um pouco sobre a experiência de viver em solo britânico para a Fala Feminina.

“Meu marido fez intercâmbio em Londres quando era mais novo e queria a experiência de morar na Inglaterra. Eu estava bem estabelecida no Brasil. Sou muito família, próxima dos amigos. Não era grande atrativo pra mim. Viemos para ficar um ano, mas nos adaptamos bem e acabamos ficando por aqui. Hoje não teria nada que me atrairia de volta para o Brasil a não ser minha família. Quando vamos pro Brasil, temos um choque de realidade. Ficamos inclusive muito tristes.

Catarina e o marido Gustavo

Sobre ser mulher na Inglaterra, diria que somos menos objetificadas aqui. No Brasil, se tu caminha na rua e passa na frente de uma obra, os caras ficam olhando e assobiando. Isso não existe na Inglaterra. Ninguém sai buzinando pra ti enquanto tu caminha na rua. As pessoas têm muito mais respeito pela mulher aqui. E em termos de pressão social, é muito menor. As pessoas não têm essa preocupação absurda com corpo, beleza, estética. Se teus cabelos brancos estão vindo, se tem uma gordurinha a mais, ninguém está nem aí.  Pelo menos entre as pessoas com quem convivo é assim.

Foi uma mega diferença do Brasil pra cá na minha autoestima. Tu te sente muito menos cobrada sobre padrões estéticos. 

Londres tem uma multiculturalidade, tem pessoas de todo lugar do mundo aqui. As pessoas estão tão acostumadas com isso que não se importam com o fato de eu ser brasileira. E têm muito respeito pelo fato de você falar outra língua. Eu cheguei e não falava inglês. E todo mundo foi sempre muito compreensivo. Às vezes eu tentava falar alguma coisa que era difícil em inglês, e eles nem ligavam. E ainda falavam ‘nossa, tu fala três línguas, que incrível. Aqui a gente só fala uma’.

 Vimos também que os ingleses são realmente mais frios. No Brasil, tu conhece alguém e no outro dia está tomando cerveja junto. Estamos aqui há 6 anos e não fizemos muitos amigos. Os mais próximos que temos são brasileiros.”

Catarina conta que não teria ido morar na Inglaterra sozinha. “Não é meu estilo. Não teria essa coragem.” Mas a coragem dela é maior que imagina. Assumir desafios profissionais tão grandes, render-se a um novo idioma e a uma nova realidade são atitudes que merecem admiração.

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