Saúde, Vida

Os labirintos internos – vamos falar de cocô?

Fátima Torri e Simone Bach em mais um papo além do consultório

Fátima Torri, editora da Fala Feminina, e Simone Bach, nutricionista à frente do canal @cozinhabachoficial no YouTube se reencontraram na última quinta-feira, dia 12 de agosto. A parceria, que começou a ser construída no consultório da nutricionista, se transformou em uma série de lives. O segundo tema escolhido foi “Labirintos do Intestino”, ou seja, um bom bate papo falando de m*rda.

Compartilhamos com vocês os melhores momentos desta conversa nada constipada e cheia de dicas para deixar o seu cocô bonito.

Fátima: A Simone me apresentou um termo que eu nunca tinha ouvido falar, os FODMAPs. Explica para gente do que se trata? O que significa esta palavra?

Simone: FODMAPs são uma família de carboidratos, monossacarídeos, dissacarídeos, oligossacarídeos e polióis que podem causar problemas digestivos para algumas pessoas. Por isso, a dieta FODMAP trata de reduzir e obter controle sobre a ingestão desses alimentos e evitar fermentação na flora intestinal. A sigla em inglês significa “oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis”. Em uma tradução literal, teríamos a letra “A”, de “And”, “e” em inglês. Por isso, algumas pessoas escrevem FODMEPs, aportuguesando a grafia.

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Fátima: O intestino tem muito a ver com as emoções. Quando a gente não digere bem e não tem uma boa relação com a comida, por consequência das nossas emoções, existe uma briga interna, não é mesmo?

Simone: Exatamente! É o que a gente chama do eixo cérebro-intestino, do nosso intestino ser um “segundo cérebro”. Isto gera uma reação em cadeia, pois o nosso intestino tem um percentual da nossa produção de serotonina, o hormônio responsável pela nossa sensação de bem-estar. Ou seja, quando ele não está bem o nosso humor piora.

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Fátima: Tem três coisas na vida que são muito importantes: dormir bem, fazer sexo e fazer um cocô que faz a gente sair do banheiro pensando “meu Deus, como a vida é possível”.

Simone: Aquela sensação de esvaziamento que a gente fala, né?

Fátima: O que o ideal para esta sensação?

Simone: Não existe uma regra. Mas a sensação do esvaziamento e não se sentir desconfortável já configura que você está fazendo um bom cocô. Tem gente que não vai um dia e já se sente mal, por exemplo.

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Simone: As mulheres têm 30% mais constipação que os homens. E não só por questões biológicas e hormonais, mas também pela questão do receio e da timidez. De não se permitir ir no banheiro na casa do namorado novo ou num banheiro na rua.

Fátima: Eu tinha uns amigos que diziam “tal mulher é tão linda, que parece que nem cocô faz”. O que isso significa, que mulher bonita não pode cagar? Porque o cocô é ligado a sujeira.

Simone: Ou o cocô da mulher bonita é perfumado, né?

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Simone: É bem comum no consultório eu perguntar como é o cocô da pessoa e ela não conseguir responder.

Fátima: Mas não olham?

Simone: Sim, têm pessoas que dizem “ah, vou ter que te responder na próxima consulta” ou “vou ter que te dizer depois”.

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Fátima: A bebida alcoólica para o intestino, como é? Ela irrita, ela é tóxica? E o cigarro? Quando eu fumava minha rotina era acordar, tomar um cafezinho preto, pegar um cigarro e ir para o banheiro. Aí eu pensei que nunca ia conseguir parar de fumar em função do intestino. Mas que bobagem, funciona legal!

Simone: O cigarro não tem nenhuma correlação direta. Mas a bebida alcóolica, sim, pode piorar toda a questão da flora intestinal, como também a questão da permeabilidade intestinal, que gera uma inflamação maior da parede do intestino e pode também aumentar a síndrome do intestino irritável.

Fátima: O que é a síndrome do intestino irritado?

Simone: Ela tem relação com este desconforto, com este aumento da distensão. Algumas pessoas tem mais constipação na presença de alimentos que irritam, tem gente que tem mais diarreia e tem gente que oscila entre as duas coisas.

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Fátima: A Elisete perguntou aqui se no pós COVID tem relatos de alteração nos intestinos?

Simone: Não temos muitos relatos ainda por ser uma doença nova, mas é uma doença inflamatória e qualquer doença que gera um aumento de inflamação pode sim alterar o fluxo intestinal. A gente vê relatos, por exemplo, de queda de cabelo pós três meses de COVID, que tem correlação com este aumento da inflamação.

Fátima: Que loucura! É uma doença que afeta coisas que a gente não tem ideia.

Simone: Exato, cada pessoa responde de um jeito. Eu não vi ainda nenhum estudo desta relação direta com o intestino, mas dá para perceber que as pessoas estão respondendo de várias maneiras. Desde pessoas que tem alteração de paladar que perdura por três, quatro meses depois da contaminação. E esta é outra questão que afeta bastante a alimentação.

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Fátima: E essa coisa de não ir ao banheiro se não for na minha casa? Várias pessoas me falaram isso. Até em hotel tem gente que não consegue, porque não é a sua casa. O que isso significa? É um controle mental?

Simone: Tem a questão do receio e da timidez que a gente falou, que é muito mais uma questão feminina de ser uma coisa feia, uma coisa errada. Eu acho que vai muito mais para um caráter da psicologia. A mecânica natural seria a pessoa sentir vontade e ir, não só o natural como o recomendado. No momento que tu tranca é uma questão mais psicológica.

Para conferir este papo na íntegra é só acessar o IGTV da Fala Feminina.

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