Somos o que comemos?

Maria de Lourdes encontrou no pecado da gula um refúgio para sobreviver ao luto e precisou ser forte para eliminar os 60kg adquiridos. Hoje, ressignificou a dor e reencontrou uma nova versão de si mesma.

 

Maria de Lourdes encontrou no pecado da gula um refúgio para sobreviver ao luto e precisou ser forte para eliminar os 60kg adquiridos. Hoje, ressignificou a dor e reencontrou uma nova versão de si mesma.

Ouve-se por aí que somos aquilo que pensamos. Para Maria de Lourdes Seppi, tradutora pública juramentada de língua italiana, também somos o que comemos. Além de ser um ato que garante a sobrevivência, comer nos mantém fortes para carregar  culpas.

Há 33 anos, ela perdia sua mãe, Maria de Lourdes, conhecida como Marieta, vítima de trombose mesentérica. A primeira sensação foi de alívio. “eu não me dava bem com ela”. Depois, vieram os excessos e 56 quilos extras no corpo de 1,60m. “Após o falecimento dela, eu vivi um tempo na Itália e tudo contribuiu para eu me matar comendo muito xis e pizza.

Levei alguns anos para identificar a serventia do peso e decidi há 16 anos fazer a cirurgia bariátrica”. 

Desde então, ela tem vencido a batalha contra a balança e o luto. “Mantenho o meu peso ideal. 60 quilos eu peso e 60 quilos emagreci”, conta radiante a gaúcha de encantado. “Quando era obesa era observada, era notada e junto aos olhares eu via pena e desprezo, espanto também. Principalmente quando eu me pronunciava sobre os assuntos, como se gordo fosse incapaz de tudo”. A sensação que ela tinha, conforme conta, é de que as pessoas acreditavam que sua capacidade era apenas de comer indevidamente. 

“Emagreci e me senti invisível. Desocupada da culpa, tive que aprender a me reconstruir. Somente descartando o inútil, o pesado, saindo da zona de conforto, alcei vôo, porém em minha própria direção e, assim, tomei um rumo que até hoje desfruto, com sucessos e desafios constantes”, garante Maria, que ainda complementa: “mas sem o medo do perigo e do pecado e sem a misericórdia do perdão. Sei comer, sei de mim, sei o que não quero e toda vez que descubro o que quero, tenho leveza suficiente para correr atrás”.

https://youtu.be/P0sHhNGakq8
Compartilhe este Post

Deixe um comentário

você também pode gostar

Jovens celibatários

Jovens celibatários desafiam psicanalistas

Movimento crescente de jovens que, em pleno 2024, estão optando pela virgindade ou abstinência sexual. Alegam as mais diversas razões, como “falta de tesão”, “medo de contrair ISTs”, “desejo de se entregar apenas para a ´pessoa certa´, como um prêmio”.

Leia mais »