Trabalho, Vida

Tudo pelo futebol

A gaúcha Tatiana Mantovani, 37 anos, mora na Espanha há uma década e é correspondente esportiva para um veículo brasileiro. Jornalista com vasta experiência na imprensa do RS, ela não trabalhava com esporte enquanto viveu no Brasil, mas sempre foi louca por futebol. Nascida em Carlos Barbosa (RS), a terra do futsal, desde muito pequena acompanhava o time da cidade junto com o pai. Decidiu estudar fora  em dado momento da carreira e foi parar na Espanha, onde fez um mestrado e trabalhou na rádio Caderna Ser. Voltou para o Brasil, mas um ano depois já estava de volta ao solo europeu, dessa vez para ficar. De 2011 até 2016, trabalhou em diferentes empresas e colaborou em vários meios de comunicação, entre eles a revista Placar. Começou seu blog, o Efeito Fúria, no qual escrevia sobre futebol espanhol. No início de 2016, o Esporte Interativo, hoje TNT Esportes, estava procurando alguém para acompanhar os clubes de Madrid. Tatiana foi a escolhida.

Ser correspondente é um trabalho incrível, mas você precisa estar preparado. É corrido, mas quando a gente faz o que gosta leva tudo de uma forma diferente”, garante. Acompanhar a Champions é algo que todo jornalista esportivo sonha. Cada vez que escuta a música do campeonato, para um segundo para olhar bem em voltar e é neste momento que a ficha cai: “é a Champions. É incrível”.

Acho que tem gente que nasce no ‘seu lugar’ e gente, como eu, que tem a sorte de encontrar o seu lugar no mundo.

Eu e Madrid nos encontramos. Tenho o privilégio de viver aqui e acompanhar dois clubes incríveis, com personagens que fazem parte da história do futebol. Tive a sorte de estar no lugar certo, na hora certa”, comenta ela.

Cobertura do campeonato com os maiores craques do mundo

Nada melhor que a própria jornalista para trazer um relato sobre sua experiência no exterior enquanto correspondente esportiva. É com você, Tatiana!

Ser mulher estrangeira trabalhando com esporte é o que é ser mulher em grande parte dos lugares do mundo. Um desafio constante. Uma necessidade de demonstrar nossa capacidade todos os dias. É como se tivéssemos uma escada na frente e precisássemos subir dois degraus a mais que os homens para demonstrar que a gente é capaz de estar onde estamos. Ser jornalista esportiva, que ainda é uma profissão majoritariamente masculina, é um desafio aqui, mas assim também é em outros lugares do mundo.

Uso como exemplo as salas de imprensa pela Europa, nas quais estive nos últimos cinco anos. Nós mulheres somos uma esmagadora minoria. Temos um caminho longo pela frente.

Somos mais questionadas que nossos colegas, companheiros de profissão, por estarmos onde a gente está.

Apesar de tudo que a gente já percorreu, temos muito pela frente para ocupar os lugares que nos pertencem. Que a gente quer, que a gente sonha, que a gente estuda, que a gente trabalha para conquistar.”

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