Avó aos 54 anos, Cacaia Bestetti faz um relato à Fala Feminina sobre sua experiência com a chegada do neto Theodoro. Nem o Coronavírus, nem a distância de Porto Alegre a Brasília têm sido capazes de impedir a relação próxima da avó com o menino, de quem ela não mede esforços para conquistar um sorriso.
“Quando me falavam que ser avó é a melhor coisa do mundo, eu não entendia. Eu acredito que dentre as melhores coisas da vida estão os afetos. (Claro que tem os bons vinhos, os bons cafés, as viagens, o sexo). E o afeto mais puro, o amor mais desprovido de qualquer penduricalho – cobranças, expectativa – é o amor de vó.
A minha avó era exigente com todos, exceto com os netos. Me vejo nela muitas vezes. E acho que esta característica, o amor incondicional, é um ponto em comum entre avós dessas gerações.
Me percebo com total ausência de filtros em relação ao Theodoro. Me jogo no chão, sou capaz de fazer as coisas mais ridículas pra diverti-lo. A minha avó não tinha essa disposição física. Embora tenha sido avó mais cedo do que eu, era de um tempo no qual as mulheres não tinham tantos cuidados com seu corpo, o que não permitia certas brincadeiras que hoje faço com meu neto. Brincamos de correr, de esconder, jogamos futebol.
Tudo isso é lindo. Difícil mesmo é lidar com o impulso de dizer para os pais dele que não façam isso ou aquilo, pois já passei por esses momentos, e a maturidade me fez entender melhor quais escolhas seriam as mais adequadas. E como controlar a vontade de dizer para os pais que deixem a criança mais livre, mais “exploradora”, que permitam que ela fique fora da bolha para experimentar o mundo?
Avó é puro amor. Mãe, além do amor, tem que educar, orientar, corrigir, mesmo exausta muitas vezes tem que aguentar o tranco. Tem que responder pelas bobagens que eventualmente os filhos fazem.
Não tenho certeza se faria diferente com meus filhos a partir da experiência de ser avó. É claro que observar o ser pai e mãe e não estar neste papel provoca várias reflexões. Mas acho que muito mais pela resposta dos filhos ao longo da vida em relação ao que foi plantado é que eu faria diferente.
Meu neto mora em Brasília, mas a pandemia não me impediu de estar perto dele. Passei os primeiros 4 meses longe dele e depois não aguentei. Desde então, o vejo praticamente todos os meses. A única tristeza que tenho é não poder ficar mais próxima, pois filhos de filho ficam sempre mais próximos da avó materna.”
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