O meu corpo, o corpo de uma mulher, é um eterno rascunho a ser passado a limpo. É assim que nós somos vistas: alguém que não está nunca pronta. Isso nos é vendido diariamente. Nunca somos suficiente: não somos suficientemente jovens, nem suficientemente magras, não somos muito queridas, nem tão eficientes, temos um cabelo muito seco, temos rugas.. ser velha é um defeito.
E no verão as mulheres se tornam carrascas de si mesmas. Nós olhamos para nós como aquela pessoa que nem deveria estar na praia.
Esse mês eu estava na praia e fiquei observando homens e mulheres e seus corpos. E eu vi que quem mais se divertia não eram os homens e as mulheres, mas as crianças e os cachorros. Eles não têm com que se preocupar. Eles não têm o corpo todo mole, eles não têm ninguém dizendo “é isso, é aquilo, seja isso, seja aquilo”.
Quando a gente vê um cachorro, ele está correndo, curtindo, olhando para o céu, sentindo o vento no corpo. As crianças também, correndo para um lado e para o outro felizes por estar usufruindo o sol, o mar, a areia. Nós não. Nós ficamos todos sentados e quando a gente levanta para ir para o mar, meu Deus, “eu não estou bem aqui, eu não estou bem ali”. Que pena. Quanto tempo nós perdemos com tudo isso que nós estamos aprisionadas?
Para se libertar disso, é preciso primeiro olhar para dentro e saber: você é aquilo que a natureza te deu e o universo te presenteou. Curte, compartilha contigo mesma essa gratidão de ter este corpo, de ter este jeito. Jeito de ser quem tu és.
Felicidade!