Elas nas organizações: uma história que precisa ser contada para repensar o presente e transformar o futuro

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elas nas organizações

Já foi dito que toda a história sobre as mulheres foi escrita por homens. Na verdade, os estudos sobre a pré-história também iniciaram com o olhar masculino, um olhar que estava embasado na divisão de papéis entre os sexos. Assim, a pesquisa em antropologia, pré-história e arqueologia são androcentradas. Do mesmo modo, apesar das mudanças, a ciência, a educação e os estudos organizacionais ainda hoje também podem ser assim considerados.

Com esse incômodo e buscando publicações que tratassem a respeito das mulheres no mundo das organizações, Susane Petinelli-Souza, fez o que ouviu em um evento: “se você quer muito ler um livro sobre algum assunto que você estuda, mas ele ainda não existe, escreva você!”. Veja a história de Susane e sua trajetória para resgatar a história das mulheres dentro das organizações.

 

“A história das mulheres nas organizações ainda não tinha sido contada. Como elas acessaram o campo educacional e o campo do trabalho? E as mulheres que sempre trabalharam?

Quais as consequências do uso da linguagem sexista, e da divisão sexual e racial do trabalho? Quais são as desigualdades de gênero, raciais e salariais?

Que dados existem sobre elas nas organizações? Quais são as barreiras que dificultam suas vidas e trajetórias profissionais? Qual o papel delas na teoria organizacional? Quais os avanços e desafios da área?

Quantos livros sobre empresas, empresários, gestão, organizações, negócios, administração, sequer se referem à existência das mulheres? Quando se referem a mulheres, focam em mulheres que já ocupam cargos de gestão e liderança. Mas essa não é a realidade da maioria. 

Conhecer o passado delas nas organizações ajuda a compreender os diferentes aspectos que ainda influenciam o cotidiano organizacional e a própria sociedade. Conhecer o presente delas nas organizações ajuda a indagar no que podemos melhorar como gestores e gestoras, como estudiosos sobre o tema e até como pessoas, com o intuito de promover a igualdade e a equidade de gênero. E vislumbrar o futuro delas nas organizações é compreender que, apesar dos avanços, os desafios existentes são responsabilidades de todos nós e precisamos agir para que o amanhã seja melhor do que hoje.  

A divisão sexual do trabalho prioriza a atuação masculina na chamada esfera produtiva e a atuação das mulheres na chamada esfera reprodutiva, a divisão racial do trabalho prioriza a atuação de pessoas brancas em atividades mais valorizadas. Considerando-se ainda a classe social, foi possível observar que as mulheres negras são ainda mais impactadas do que as mulheres brancas.

Apesar dos avanços, atualmente nós vivenciamos várias barreiras no mercado de trabalho e ainda algumas síndromes que podem fazer parte das trajetórias profissionais das mulheres.

Quantas mulheres se sentem culpadas pela dedicação à carreira? Quantas mulheres se sentem inseguras diante do conhecimento e experiência que adquiram?

Além disso, por que as mulheres precisam investir tanto em roupas, maquiagem e cuidados com o corpo? Como é envelhecer, para as mulheres, no mundo organizacional? Por que há poucas mulheres nos conselhos de administração das organizações? Essas e outras questões são respondidas ao longo do livro.

Acabar com o sexismo, o racismo e a misoginia são verdadeiros desafios em nossos tempos. E compreender que o trabalho de cuidado não remunerado de pessoas e de rotinas domésticas precisa ser compartilhado é algo que impacta as mulheres nas organizações. Por que aos homens não se pergunta em entrevistas de emprego quem ficará com os filhos em caso de adoecimento?

O que pode ser feito? Precisamos de políticas públicas e políticas organizacionais que considerem a perspectiva de gênero, não partindo de pressupostos que ainda limitam as nossas vidas a papeis tradicionais. Precisamos ter condições de vida mais dignas e trajetórias profissionais mais justas e felizes.”

Percebendo a escassez de estudos sobre as mulheres dentro das organizações, Susane Petinelli-Souza buscou dar visibilidade às mulheres como trabalhadoras e como gestoras, colocando-as como personagens relevantes na história das organizações, ontem, hoje e amanhã no seu livro.

Susane Petinelli-Souza: Mãe do Francisco. Professora da Universidade Federal do Espírito Santo desde 2009.  Leciona no ensino superior desde 2003. Possui estágio pós-doutoral em Perspectiva de Gênero. Mora no Espírito Santo faz 22 anos. Autora do livro Elas nas Organizações: passado, presente, futuro. Acompanhe Susane no instagram.

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