O alcoolismo está relacionado a vários problemas de saúde, um deles é o aumento do risco de câncer, incluindo o câncer de mama. Especificamente, em relação à neoplasia mamaria temos fatores de risco não modificáveis e fatores de risco que podemos modificar. Ser mulher, ter mais de 50 anos de idade e histórico familiar de câncer de mama na família são fatores de risco para o desenvolvimento da doença que não podem ser controlados.
Entretanto, outros fatores de risco podem ser modificados, sendo um deles o hábito de consumir bebidas alcoólicas.
No outubro rosa e com os dados recentes do aumento do consumo de álcool pelas mulheres, especialmente na população feminina jovem, demostrados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com registros crescentes de episódios de consumo excessivo de álcool (binge drinking), vale ressaltar a sua associação com aumento de risco para câncer de mama. O consumo de bebidas alcoolicas está associado ao aumento do risco de câncer de mama tanto em estudos epidemiológico como em modelos animais.
A relação entre o álcool e o câncer de mama foi estabelecida ainda na década de 80, embora essa conclusão seja de um estudo publicado em 2012 que comprova aumento de risco em 5% nas usuárias de álcool (1 dose/diária), chegando a um aumento de até 15% nas usuárias de álcool em maiores quantidades (mais de 3 doses/ diária). Não importa o tipo de bebida (cerveja, vinho ou destilados), o risco está associado à quantidade de álcool consumida diariamente.
E por qual motivo que ocorre este aumento de risco? O álcool aumenta os níveis do estrogênio circulantes, principal hormônio envolvido na multiplicação das células tumorais nas mamas. Sendo assim, consumir bebidas alcoólicas está diretamente ligado ao crescimento dos tumores com receptores hormonais de estrogênio positivo. E estes são os tumores de maior incidência nas mulheres. Além disso, o álcool pode prejudicar a capacidade do corpo de metabolizar substâncias tóxicas, o que pode aumentar a formação de células que passam a ter uma divisão celular descontrolada, surgindo o câncer. As deficiências nutricionais em mulheres alcoólatras de longa data também contribuem na carcinogenese.
As mulheres são mais vulneráveis aos efeitos nocivos do álcool do que os homens. Elas tendem a absorver mais álcool na corrente sanguínea, o que significa que os riscos de doenças como cirrose hepática e doenças cardiológicas são maiores mesmo com níveis de consumo relativo baixo de álcool.
Muitas vezes, o alcoolismo nas mulheres esta associado a fatores como depressão, ansiedade, estresse no trabalho, relacionamentos abusivos e responsabilidades familiares.
Segundo o National Comprehensive Cancer Network (NCCN 2024) deve-se limitar o consumo de álcool a 1 drinque por dia (equivalente a 29 ml de licor, 177ml de vilho, 236ml de cerveja). Metanaálise de 10 estudos de seguimento avaliou a ingestão diária de bebidas alcoólicas e o risco de desenvolver um câncer de mama nas mulheres pre-menopáusica mostrando um aumento significativo de 5% por 10g de etanol/dia. Já nos estudos de mulheres pós menopáusicas, uma metanalise com mais de 35000 mulheres (22 estudos) mostrou aumento de risco de 9% por 10gr de álcool/dia.
Vale ressaltar que o abuso de álcool é uma condição crônica caracterizada pela dependência física e psicológica do álcool. Para seu tratamento pode ser necessária uma abordagem multidisciplinar, com grupos de apoio, psicoterapia e, em alguns casos, tratamento medicamentoso. Vamos aproveitar este mês rosa e ajudar na conscientização de que consumo de bebidas alcoólicas com moderação é fundamental para a qualidade de vida e maior longevidade da população feminina.
Estima-se que 30% a 40% das neoplasias de mama poderiam ser prevenidas com modificações do estilo de vida.
Então, vale o reforço: cuide da dieta para evitar a obesidade, mantenha-se com atividade física regular (no mínimo 150 min de atividade por semana), consuma bebidas alcoólicas com moderação.
Betina Vollbrecht é médica mastologista (CREMERS 29045), Professora da Escola de Medicina da PUCRS, Líder da Mastologia do Centro de Oncologia do Hospital Nora Teixiera / Santa Casa de Porto Akegre / rede Einstein de Oncologia
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