Há uns dias atrás recebi de presente este livro e quando abri o pacote, fiquei pensando se eu deveria ler ou não. Num primeiro momento, e já fazendo um pré julgamento, pensei que eu era uma mulher “bem resolvida” e não precisava ler algo sobre “clube da luta feminista”. Acredito que neste momento meu ego tomou conta e dominou meu julgamento, De cara, já sentia que eu não fazia parte desse clube e resolvi deixar o livro no cantinho do no meu criado mudo e por vários dias, assim ele ficou.
Mas a curiosidade assumiu o controle e comecei a ler… pensando algo do tipo: tá certo, só por curiosidade, mas já sei que não vou concordar com as questões que a escritora irá abordar.
Ledo engano…
Comecei a ler, comecei a me questionar e até o momento, não sei se concordo ou não com vários aspectos que são abordados. Mas algumas reflexões fazem muito sentido e sem dúvida é uma leitura que te abre para uma conversa sobre questões que nós mulheres, às vezes preferimos deixar de lado e fazer de conta que não existe.
O livro inicia com um convite para conhecer o nosso inimigo – obviamente se referindo ao mundo machista. Logo de cara faço um contraponto a respeito de quem realmente é nosso maior inimigo. Não discordo que em várias questões, principalmente no mundo corporativo, vivemos uma desigualdade de gênero, mas antes de apontarmos o dedo para alguém externo, será que não deveríamos olhar internamente e avaliar se, em alguns momentos, nosso boicote é feito por nós mesmas? E que os nossos maiores “inimigos” possam ser a autossabotagem, nossos medos, inseguranças, e a falta de coragem que está quase sufocada lá dentro?
E aí, poderíamos continuar falando e falando muito sobre nossas crenças. Por que não conseguimos transmitir nossas ideias com convicção, aceitar elogios ou aguentar ser o centro das atenções? Muitas vezes temos uma voz da insegurança dentro de nós, trazendo uma sensação de que não somos capazes ou não merecemos estar ali. Porque desse conflito interno? Acredito muito que isso tem a ver com séculos e séculos ouvindo que somos o sexo frágil. Todo ser humano, em algum momento, se autossabota. Inclusive os homens. Isso não é exclusivo nosso. O fundamental é reconhecer quando isso está acontecendo, tomar consciência e mudar a rota dessa conduta.
Muita coisa legal é dita sobre os sabotadores que estão presentes no nosso dia a dia. Sim, eles estão aí e se manifestam de forma diferente, com intensidades diferentes em momentos diferentes. Mas fazem parte da nossa vida, da nossa cultura e a grande sacada, na minha opinião, é termos a capacidade de reconhecê-los. Eles não precisam ser negados. Mas a gente precisa manter estes sabotadores no lugar deles, sem permitir que eles dominem as nossas atitudes ou guiem nossas decisões.
Outro aspecto relevante e que também pede um olhar é em relação ao nosso próprio machismo. Isso mesmo, pesquisas mostram que nós mulheres, também somos um pouco machistas e julgamos as demais mulheres por serem ambiciosas demais, brigonas demais, teimosas e assim por diante. Idealizando (de forma inconsciente, segundo o estudo), um perfil mais “boazinha”.
Mas independente de tudo isso, não podemos deixar de lado o fato que existem muitas formas sutis de machismo e preconceito que giram em nossas vidas e elas não podem ser ignoradas. Isso é uma grande verdade e acredito que a maioria das mulheres vão concordar com isso.
E o livro deixa claro pelo prisma do viés profissional, que homens podem errar muito mais, ter menos qualificação para os cargos de liderança e ainda são ovacionados e ocupam a grande maioria das cadeiras da alta gerência no mundo corporativo. Isso é algo que não podemos ignorar.
Essa desigualdade perdura por gerações e ainda continua presente com muita intensidade nos dias de hoje. Isso está mudando? Eu acredito que sim! Várias mulheres brilhantes já estão em altos cargos, merecidamente? Não tenho dúvida. E que temos um grande caminho pela frente, no que diz respeito à igualdade? Com certeza. Nós mulheres, precisamos nos valorizar, lutar de igual pra igual e não aceitar menos. Quando conseguirmos nos posicionar de forma contundente, teremos um mundo menos desigual. Isso vai ser fácil? Quem dera… Mas é possível e só depende de nós.
E pra fechar essa reflexão, tem uma passagem do livro que diz “Esta tarefa não é de uma mulher só. Precisamos das outras ao nosso lado. Então, vamos começar dando as mãos”.
Acredito muito nessa fala!
Grasiela Pontin
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