Mudanças de carreira inspiradoras

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Mudanças de carreira nem sempre são fáceis. Sair de uma área na qual você já construiu uma trajetória pode parecer arriscado, mas permanecer em um caminho que não faz mais sentido também tem seu preço. O medo do desconhecido é real, mas o que pode ser mais assustador do que viver sem motivação? Toda transição envolve desafios, mas também oportunidades de crescimento. Buscar novos caminhos exige preparo, autoconhecimento e, acima de tudo, confiança em si mesma. O que antes parecia impossível pode se tornar sua melhor escolha. E se, no fim das contas, mudar for exatamente o que você precisa para se reencontrar?

Conversamos com três mulheres muito corajosas: Adna Felício, Denise Valduga e Natasha Duarte. Elas mudaram de profissão e vão te inspirar a fazer o mesmo, se for isso que você deseja por aí.

 

Adna Felício

Gaúcha, com 35 anos (até junho de 2025!), solteira e sem filhos. Estudou turismo e é pós-graduada em Design Fashion. Tem um irmão mais velho, que, como Adna diz “me deu o amor da minha vida, a Helena, minha sobrinha, que é tão vaidosa quanto eu”. Mora com os pais em Alvorada e os três amam viajar todos os anos juntos. É cristã desde que se conhece por gente, canta e já tocou na banda da igreja também. Atualmente é Consultora de Imagem em tempo integral, faz trabalhos como influenciadora e também é modelo comercial.

adna felício

O que tu fazias antes e por que esta mudança?

Eu me formei em Turismo, e logo que saí da faculdade já ingressei na área. Trabalhei 6 anos na área, em Porto Alegre e 2 anos em São Paulo. A mudança de área foi bem natural, eu não pensava na verdade, em mudar de área. Mas sempre amei moda, tive um blog quando mais nova. Quando chegou a pandemia e perdi meu emprego no turismo e fui ser assistente pessoal de uma consultora de estilo, eu trabalhava de casa. Então ela começou a me ensinar, e eu comecei a avaliar as clientes dela, no off, pra treinar. Ela me ensinou sobre Coloração Pessoal, participei da 1ª turma dela, e aproveitei o tempo trabalhando com ela para fazer o curso de Personal Stylist numa escola em POA, tudo isto no meio da pandemia.

Quando fechou 1 ano com ela, terminamos a parceria de trabalho e ela me incentivou a seguir sozinha. Ela, a Mari Raugust, acreditava mais em mim do que eu mesma, pra ser sincera.

Ter trabalhado com ela foi bem aleatório também, porque ela queria uma assistente e eu nem sabia, mas ela lembrou que quando eu tive blog tinha feito uma brincadeira dizendo que queria ser assistente dela, então ela me chamou, porque já me conhecia. Então, a mudança aconteceu, naturalmente, me joguei no empreendedorismo e tô aqui, há 5 anos já.

 

 

Era um sonho de vida? 

Não, eu não sonhava nem em viver de consultoria de estilo e nem em ser empreendedora.

Eu achava que moda não dava dinheiro, principalmente pra pessoas negras.

Eu pensava em estudar algo que me desse uma vida estável e não queria me preocupar em pensar se teria dinheiro pra pagar as contas no início do mes. Mas meus irmãos sempre diziam que eu tinha que trabalhar pra mim, eles também acreditavam que eu devia ter algo próprio. Eu sempre quis ser funcionária, pra ser sincera, eu achava mais seguro.

 

Como foi o processo de mudança? Tanto pessoal quanto na relação com os outros, família, amigos.

Bem tranquilo, minha família me apoiou desde o início porque viram que eu gostava mesmo disto. Eles viam meus olhos brilhar, eu trabalha 10hs por dia, 7 dias da semana, e sim, o dinheiro é bom, mas eu gosto mesmo, me dedico a cada atendimento, me envolvo nas histórias, eu amo o que eu faço. Meus amigos e conhecidos nunca foram os que apontavam dizendo que não daria certo, talvez pelas minhas costas, nunca soube de nada, mas também não são meus clientes, posso contar nos dedos de 1 mão amigos, conhecidos e familiares que compram meu trabalho, mas me pedem muitas “dicas”, isso sim.

mudanças de carreira - adna felício

⁠Teve algum acontecimento determinante? 

Eu precisava de trabalho, estava no meio da pandemia e não sabia o que fazer. Não podia nem vender viagens de forma autônoma, ninguém estava saindo. A coloração pessoal caiu como uma benção no meu colo. Foi muito direção de Deus mesmo, eu creio que Ele quem direcionou tudo porque eu realmente não via nada.

 

Ainda tem outras coisas que deseja fazer do ponto de vista profissional?

Sim, eu quero dar aulas e palestrar, eu já dou aulas particulares, criei um curso para pessoas de baixa renda terem acesso a consultoria de estilo, era um curso prático com poucas vagas e valor bem acessível. Mas acredito que, infelizmente, essa não é uma prioridade para a maioria das pessoas que não conhecem esse serviço. Afinal, este sempre foi um serviço de elite. Até por isto eu nunca pensei em trabalhar na área, porque não via ninguém como eu e nem sabia que era possível eu estar nesse ramo. Então, minha meta hoje é alcançar mais pessoas, principalmente, pessoas iguais a mim.

Eu quero palestrar o mundo, levar a minha visão de como a Imagem afeta a saúde mental principalmente de pessoas pretas. Minha linha de trabalho é esta: estilo pessoal aliado à saúde mental, resgate da autoestima e desenvolvimento de uma autoimagem positiva. 

 

 

Denise Valduga

Com 25 anos de experiência no setor moveleiro, atuando na indústria e em entidades setoriais, tem expertise em gestão de negócios, articulação institucional e desenvolvimento sustentável da cadeia de madeira e móveis. Possui sólida trajetória na condução de projetos comerciais. Nos últimos anos, reconectou-se à Psicologia, área que sempre esteve entre seus interesses. Atualmente, cursa o último ano da graduação em Psicologia na UCS e segue sua formação em Psicanálise no CPRS. Acredita no papel estratégico da Psicologia no ambiente empresarial, promovendo um olhar mais humanizado para talentos e processos organizacionais. Possui MBA Executivo em Gestão Empresarial pela FGV, pós-graduação em Língua Inglesa e graduação em Secretariado Executivo Bilíngue. Tem 48 anos, é casada há 19 anos e tem uma filha de 12 anos. Passou a infância no interior, no Vale dos Vinhedos,  tem 4 irmãos – um deles seu gêmeo.  

denise valduga

O que tu fazias antes e por que esta mudança?

Minha trajetória profissional sempre esteve ligada ao setor moveleiro. Nos últimos 20 anos, atuei como executiva do Sindmóveis — Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves —, uma entidade patronal que representa um dos principais polos moveleiros do país. Com atuação nacional e internacional, o Sindmóveis desenvolve projetos e eventos de grande relevância para o setor.

Ao longo dos anos, conquistei uma posição de liderança e autonomia, sustentada pela confiança do empresariado. Minhas atividades envolviam a organização de eventos, representação institucional, reuniões e viagens. Era uma rotina intensa e dinâmica.

A pandemia marcou pra mim o início de uma mudança significativa. Passei a valorizar a rotina, a possibilidade de chegar em casa mais cedo e estar mais presente na vida da minha filha, que na época tinha 8 anos.

Com a maturidade e anos de psicoterapia, veio também um  desejo de transformação. Acredito que todos temos um “prazo de validade” dentro das organizações e, quando ele se esgota, surgem desafios nos relacionamentos profissionais. É essencial que tanto o profissional quanto a organização reconheçam esse momento. Para mim, ficou claro que um ciclo estava se encerrando e que era fundamental preservar as relações construídas e buscar novos caminhos.

Minha principal função no Sindmóveis sempre foi a de conectar, articular e harmonizar o trabalho das equipes técnicas e das diretorias. Nunca fui protagonista dentro da organização, mas sim um vetor de conexão. Com o tempo, percebi que minha verdadeira motivação sempre esteve ligada ao comportamento humano. Meu maior prazer era organizar e coordenar equipes, tanto permanentes quanto temporárias.

Essa percepção me levou à decisão de cursar Psicologia e, posteriormente, aprofundar meus estudos em Psicanálise. Foi um movimento natural, alinhado ao que sempre me motivou: compreender e facilitar as relações humanas.

 

Era um sonho de vida? 

De tempos em tempos, eu pensava em Psicologia, embora nunca tenha sido exatamente um sonho. No início de 2021, ainda durante a pandemia, surgiu a oportunidade de ingressar no curso com a facilidade das aulas online. Incentivada por uma grande amiga, decidi me matricular. A partir desse momento, percebi que esse era o caminho profissional que realmente queria seguir

denise valduga

Como foi o processo de mudança? Tanto pessoal quanto na relação com os outros, familia, amigos.

Mudar de carreira não acontece da noite para o dia, especialmente no meu caso. Tornar-se psicólogo exige uma formação longa, que leva de cinco a sete anos. Não é como simplesmente sair de um emprego e abrir um novo negócio alguns meses depois. Para mim, voltar à faculdade todas as noites foi um ato de humildade. Deixar um cargo de liderança para me tornar estagiária exigiu aprender a desaprender.

Ao mesmo tempo, esse processo tem sido encantador. A convivência com professores, colegas jovens e outros na mesma fase da vida que eu — ou até mais experientes — tornou e torna  a jornada ainda mais enriquecedora.

Estou há cinco anos estudando Psicologia e me formo no final deste ano. Encerrei minhas  atividades profissionais no Sindmoveis no final de 2023. Dediquei todo o ano de 2024 aos estudos e 2025 seguirá o mesmo caminho.

Mais do que buscar uma nova profissão, fui atrás do que eu realmente  gosto de fazer e do que me dá prazer. E, nesse percurso, ficou claro que trabalhar com pessoas sempre foi o que me realizava.

Mas essa transição não é fácil; é um processo desafiador e, muitas vezes, doloroso. Significa abrir mão de algumas certezas, do que eu já dominava para aprender o novo.

Hoje, há uma romantização da mudança de carreira, mas a realidade é bem diferente. Passei pelo meu próprio processo de luto, com dúvidas e questionamentos constantes: estou fazendo a coisa certa? Este é o momento certo? Estou financeiramente preparada?

Felizmente, tive o apoio fundamental do meu marido, que sempre esteve ao meu lado nessa decisão, e de amigas próximas, que me incentivam continuamente. Além disso, sinto que as pessoas com quem trabalhei também enxergavam a Psicologia como meu verdadeiro caminho.

 

Teve algum acontecimento determinante? 

A pandemia acelerou minha decisão, mas o desejo de mudança já vinha surgindo dentro de mim há algum tempo. Foi um processo gradual, uma jornada de amadurecimento e autoconhecimento, em que aprendi a escutar meus verdadeiros desejos. A terapia também teve um papel fundamental e continua me ajudando nesse processo de transformação.

 

Ainda tem outras coisas que deseja fazer do ponto de vista profissional?

Termino a graduação em psicologia no final deste ano.  Meu desejo é psicologia clinica. Além disso, quero seguir minha formação em Psicanálise, área na qual realmente me encontrei. 

 

Natasha Duarte

Formada em Direito pela PUC/RS em 1997, com Pós-graduação em Direto da Empresa e da Economia pela FGV/RS. Entre os anos de 1998 e 2010 leu centenas de livros sobre evolução, comportamento e treinamento de cães. Como morou nos Estados Unidos nos anos de 89/90 sempre teve um inglês fluente e graças a isso pode estudar muito, com os melhores profissionais de comportamento e treinamento canino na época. Então todos os livros que que saiam ela encomendava na Amazon ou pedia para alguém trazer dos Estados Unidos – e lia todos. Com muita teoria na cabeça e a ajuda de alguns profissionais em São Paulo, foi adquirindo pratica para trabalhar com os cães. Hoje é dona da Luther Centro de Lazer Canino.

Considera que teve uma infância feliz, sempre morou em casa com os pais e irmãs, sempre tiveram muitos bichos e, principalmente, a mãe sempre foi apaixonada por animais e pela natureza. Estar no meio da natureza com um cachorro ao lado sempre foi seu refugio desde muito pequena. Lembra de sonhar em ter uma Lassie e ser como o menino do seriado que via quando criança. Lembra que enquanto as outras crianças brincavam de casamento e “mamãe e filhinha”, ela brincava com a Pituca (que era uma das cachorrinhas que tinha), pegava uma enxada e ia para o terreno baldio perto de casa para ficar capinando. Não lembra de sonhar em casar na igreja ou ter filhos, mas sim ser independente, ter a própria casa e todos os animais que pudesse ter. Com isso em mente, sempre focou muito no lado profissional. 

mudanças de carreira - natasha duarte

 

O que tu fazias antes e por que esta mudança?

Sou advogada formada pela PUCRS e com pós graduação em direito da empresa e da economia pela FGV. Trabalhei em algumas empresas e antes da mudança eu trabalhava na Dell Computadores como Gerente de Relações Governamentais.

A mudança foi algo que eu já estava amadurecendo há alguns anos. Sempre tive vontade de ter um negocio próprio, porém não sabia exatamente o que.

Sempre fui apaixonada por animais em geral e por cães ainda mais, nos anos que trabalhei na Dell vi a necessidade que eu e alguns colegas de trabalho tínhamos com nossos cães, onde deixá-los durante nossas longas jornadas e trabalho e locais de qualidade que pudéssemos deixá-los também durante nossas viagens. Em junho de 2005, durante um voo para Saõ Paulo, vi em uma revista de bordo uma reportagem sobre um day care que havia sido inaugurado na cidade. Entrei em contato com a proprietária do local e perguntei se eu poderia visitá-los. A caminho do aeroporto, fui visitar o day care e ali resolvi que era o que eu queria fazer da minha vida, perdi voo mas encontrei minha vocação. 

 

Era um sonho de vida?

Sempre sonhei em viver em uma casa rodeada de animais, então sim, hoje eu vivo o sonho que tinha desde muito pequena.

 

Como foi o processo dessa mudança de carreira? Tanto pessoal quanto na relação com os outros, familia, amigos. 

Como uma boa virginiana sempre fui muito organizada e todos meus projetos muito bem estudados. Nesta época eu já morava sozinha, não tinha filhos nem marido, já me sustentava e não tinha ninguém que dependesse financeiramente de mim (além dos meus dois cães). Mesmo assim, fiz um estudo financeiro, organizei minha saída da empresa, fiz um curso no SEBRAE sobre empreendedorismo, segui estudando sobre comportamento de cães e fui atras de profissionais da área que eu admirasse para que pudesse fazer alguns treinamentos com eles.

Meu maior receio foi contar ao meu pai que sempre admirei muito e sempre busquei sua aprovação.

Graças a Deus ele não apenas foi super compreensivo como sempre me deu todo o apoio necessário. Inclusive, digo sempre que ele foi um dos grandes responsáveis pelo sucesso que hoje é a nossa escolinha, passei por algumas dificuldades financeiras no inicio e se não fosse a ajuda financeira e emocional dele, talvez eu tivesse desistido. Claro que algumas pessoas me acharam louca, mas não foram loucas o suficiente para dizer isso pra mim pessoalmente. Apenas meu ex-cunhado que uma vez comentou “como pode alguém ser formada, pós-graduada, falar 4 línguas, ter viajado o mundo e hoje passar os dias limpando cocô”.

 

Teve algum acontecimento determinante?

Nada muito determinante, mas eu comecei a notar que vivia uma vida mais para agradar aos outros do que a mim mesma,

estava mais preocupada com o que os outros pensavam do que com o que realmente me fazia feliz.

 

Ainda tem outras coisas que deseja fazer do ponto de vista profissional?

Meu maior desafio sempre foi gerenciar pessoas, delegar funções e abrir mão do controle de tudo. Esse tem sido meu maior aprendizado ao longo dos últimos anos e quero seguir me aperfeiçoando neste sentido para que eu possa manter a escola funcionando, com o mesmo nível de qualidade que sempre prezei, porém quero poder ter mais tempo pra mim, me dedicar mais para minha vida pessoal, já que durante muitos anos abri mão de lazer, amigos, viagens para cuidar da empresa que funciona 365 dias por ano e 24 horas por dia. Então atualmente meu desejo é o equilíbrio, seguir trabalhando, mas conseguir ter uma vida pessoal de qualidade também. Talvez mais para frente me dedicar com monitorias para outras empresas que tenham o mesmo propósito que o nosso.. mas neste momento, penso trabalhar menos.

 

 Também gravamos um episódio do nosso Fala Cast, por Fátima Torri, com as entrevistadas.

Veja na íntegra no nosso canal

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