Coluna, Vida

A terapia do paninho

Uma pergunta às minhas colegas mulheres: vocês andam aficionadas por limpeza? Pegando alfinete para limpar os cantinhos da casa? Estão afastando os móveis duas vezes por semana para limpar tudo bem limpinho?

Pra mim, isso tem nome: é a terapia do paninho.

É a nossa válvula de escape na limpeza. Ao limpar, a gente não comete assassinatos, não bate em marido e não azucrina a vida dos filhos. Mas olha eu falando aqui como se a vida de uma mulher fosse apenas, APENAS, de dona de casa. Bobinha, né? Eu sei que tem coisinhas a mais que a gente faz, tipo trabalhar fora, que agora é dentro, Também cuida de filho, ajuda nas aulas online, corre até o térreo para largar o lixo porque o elevador estragou. E se alguém tiver tempo entre a limpezinha e o lixo, por favor complete o texto aqui. Ah, e sem falar na depilação, né, tem que estar em dia.

Bom, mas voltando à terapia do paninho. É uma opção barata, pensa. Tu não tens que aceitar aquele papo terapêutico  assim: olha só, Fátima, eu te convido a pensar…. não, a gente não convida e nem é convidada a nada, não, violão.   Faz porque tem que fazer! Brincadeiras à parte (se não a minha psi me mata) a terapia do paninho é um ato solitário. Mesmo com a casa cheia e 430 pessoas por perto.

Na sessão, paninho vai, paninho vem, a gente mata mentalmente um moooonte de gente junto com as bactérias.

Aquela sujeira grudada atrás do sofá desde o início da pandemia, sabe? A gente afasta, pega o paninho e um esfregãozinho de aço e ASSSSASSSSINA um monte de gente, a escolher. E o derradeiro orgasmo múltiplo: sem julgamento! 

Sabe aquela bisca? Pisa em cima dela, sapateia, quebra tudoooo. Aquele cara lindinho que, na pandemia, um dia resolveu mandar mensagem querendo te ver, e no outro deletou até perfil do face e do insta, tomou chá de sumiço? Vamos começar pelos dentes dele? A gente pensa, sente, executa mentalmente. Mas, na realidade, o que sobra? Nenhum morto na sala. Ufa, uma casa limpa, organizada e a gente com dor nos braços, nos glúteos, menos na consciência. Tudo nos trinques!  

Então, por favor, paguem suas diaristas mas recomendo deixá-las em casa (lembra, pandemia) e pratiquem o do it yourself. Em bom português: põe a mão na massa!

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