Carta da Editora, Coluna, Comportamento, Maternidade, Vida

Toda mãe é louca

Quando olha para sua barriga a mãe sente que está gerando um novo salvador do mundo. Vislumbramos um futuro lindo, quase paradisíaco. 

Seremos melhores, ah, muito melhores do que nossas mães. Não vamos cometer os mesmos erros. Vamos nos passar a limpo gerando um eu melhorado. 

Junto com o pai da criança faremos planos para esse ser súper especial que vai ser amado por todos porque ele é nosso! E que projeto!

Amar esse futuro bonito que vem a nós, o nosso reino, é fácil. Ele já é perfeito. 

Então, vem o grande dia. E o que sai de dentro de nós é um ser tão insuportavelmente indefeso, carente, trêmulo, chorão que, ploft! Ops, deu mal!?

Começa a batalhar para criar nossa maravilha. Que será nossa  imagem e semelhança, mas muiiito melhorado. É missão para os 12 trabalhos de Hércules. A partir do nascimento começa a luta, SEMPRE inglória, de fazer do nosso rebento tudo que eu não tive, tudo que eu não sou, tudo que gostaria de ser. 

Nós que sonhávamos com o novo Jesus Cristo, poderemos ter apenas um futuro assessor de apóstolo. 

E dê-lhe, para quem tem tempo e dinheiro, brigar com as escolas para ter aulas de inglês, balé, comida orgânica, esportes mis, eles TÊM QUE mexer com a terra porque sonhamos com um mundo melhor e tal e coisa.

Ao mesmo tempo a mãe quer logo que der, por favor, voltar a ser mulher. Sim, as atrizes, modelos, influencers  mostram seus corpos “que já voltaram ao normal” e 15 dias após o parto, insanidade profunda.

E a vida toda será fazer do filho uma massinha de modelar. Com o apoio geral de todos e patrocínio dos governos, partidos, instituições. 

E, ai, se essa louca não der conta de tudo. Ué, super mulher, guerreira, leoa, não existe bicho mais feroz do que uma mãe protegendo sua cria e toda essa quantidade de bobagens que tornam MUITAS mães os seres mais assustados e infelizes do mundo.  Carregando o mundo nas costas. 

Ah, tem prazer nisso? Claro! O porta-retratos está aí para mostrar. 

E, claro, aqueles momentos lindos, em que o filho te vê com olhinho redondo e apaixonado. A gente se sente a própria Virgem Maria. Sem o Salvador. Até porque o filho de Deus morre. E a gente passa uma vida inteira tentando mantê-los vivos. 

Viva o nosso dia. Ou como disse uma mãe, na quinta, “se o dia é meu, por que eu não tenho ele livre?”. Sim, tem mãe que é um exagero. Feliz nosso dia, as loucas!

Fátima Torri, editora

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